Grande pega de Faze na praça México |
T.A - Faze como foi a tua entrada para o mundo da Forcadagem, foste por iniciativa
Própria, ou com algum amigo, e em que ano foi a primeira pega e os grupos que
vestiste a jaqueta de ramagens?
FZ -A minha entrada no mundo dos toiros, acontece devido à minha forma de estar
na vida sou um amante do desafio, e adoro animais.
Numa garraiada de carnaval em Estremoz, com alguns elementos dos Lusitanos
a assistir pois iam treinar a seguir, saiu um novilho que representava algum respeito
A primeira pega do Faze na Malveira em 1981 com uma grande ajuda do saudoso António Lapa |
havia ninguém para pegar, foi dito que iam os Lusitanos, ao que eu respondi de pronto
para irem eles ia eu. A pega correu bem de tal forma que recebi logo o convite para
ir treinar com os Lusitanos onde honrei a jaqueta de ramagens no início da minha
carreira como Forcado. Ainda representei o grupo do Alentejo e amadores de Elvas,
os dois como cabo.
A minha primeira pega, foi no ano de 1981 na Malveira ajudado pelo grande Forcadão
António Lapa, que já faleceu, um toiro muito fechado e como era o mais "fino" fui o eleito.
T.A- Faze nos teus tempos de Forcado, era mais difícil ou mais
fácil ser Forcado?
FZ - Os tempos terão sempre os seus bons Forcados, hoje os
toiros apresentam as suas dificuldades e este ano, foi um
ano muito duro para os Forcados. Houve emoção para
o bem da festa, pena a morte desses dois jovens, paz às
suas almas. No meu tempo os grupos eram menos, toiros
com outro andamento e pegávamos mais toiros. Nos tempos
do Grupo Lusitanos, nunca peguei menos de 12 toiros por
época. Cheguei mesmo a pegar 7 toiros em 15 dias, numa
digressão que fizemos a França.
Quanto aos grupos hoje em dia a minha opinião é que há
mais Forcados e grupos, como tal tem que haver mais
qualidade quer a nivel dos grupos como a nivel dos Forcados.
O Forcado é o elemento essencial da festa brava, é ele que enche
as praças, pois os cavaleiros lusos perderam peso nesse aspeto.
O toiro põe tudo no seu lugar, por isso não podemos a andar
a escolher toiros à medida como se faz.
Quanto ao numero de grupos, espero que haja cada vez mais e
que não se distingam entre associados e não associados, não faz
sentido, pois têm todos com os mesmos ideais e objetivos.
T.A- O Faze foi um Forcado dos duros, que representou o grupo de
Forcados Amadores Lusitanos, como foi representar esse grupo?
FZ- Os Lusitanos foi um grupo formado por Fernando Hilário, para
atuar no estrangeiro que depois teve continuidade no nosso país,
eu apareci miúdo no meio de uma "selecção" de Forcados feitos e
de muito valor. Com 18 anos peguei nas maiores praça do mundo,
México, Madrid Nimes, Campo Pequeno entre outras, era a coqueluche
como me apelidaram. Sempre tive a humildade para seguir os conselhos
de todos os grandes Forcados que me rodearam.
Em 1983 o Francisco Costa pega então nos Lusitanos e o grupo continua
a marcar as épocas fazendo um grande número de corridas por temporada
que hoje nenhum grupo consegue atingir o que também se consegue
compreender devido ao número de grupos no ativo.
T.A-No teu entender, e como um Forcado com muita experiência, o que é que
um jovem Forcado tem que ter para ser um Forcado com um F grande?
FZ- O que eu tenho a dizer a um jovem que quer Forcado é que acima de tudo
deve ter muita humildade e saber ouvir os conselhos dos mais velhos.
Pega de Faze como primeiro ajuda António Santos que faleceu na praça de touros de Albufeira ao pegar um toiro |
inteligência ao serviço de uma tradição. Exige esforço dedicação e lágrimas.
Os grupos devem ser uma família e uma escola de virtudes.
Imponham-se sempre pelo bem e nunca pelo mal. Nós Forcados somos pessoas
de bem e amigos. O caminho é feito com os passos que dás na arena e fora dela.
T.A- Faze recordo-me que assisti a uma fardação tua, e que tinhas uma mala velhinha,
onde transportavas a tua farda, e tu disseste que quando te retira-ses, a velhinha
mala continuava sempre pronta e com a farda dentro, para uma eventual pega,
continuas a pensar igual?
FZ- É verdade ainda tenho a minha velha mala com a farda dentro, acho que neste
momento apenas por uma causa solidária alinho. Essa mala velhinha já na altura
teve um comentário de uma miudinha, que era a filha do Chico Costa e me
comparou ao inspetor Colombo, que tinha uma gabardine velha que usava sempre
na sua profissão. Então ela disse que era como o Colombo chegava com com a
minha mala resolvia o caso e partia muito discreto.
Eu nunca me quis despedir das arenas pois ainda continuo como Forcado. Serei
sempre Forcado.
T.A - Nos teus tempos de Forcado, não havia telemóveis, como era feita a convocatória
para irem para as corridas?
FZ- No meu tempo de Forcado, não havia telemóveis e net, a comunicação era difícil
mas a vontade era muita e contornávamos as dificuldades arranjando sempre
formas. Nos Lusitanos temos uma história caricata com o Forcadão António dos
Santos que morrreu a pegar a pegar um toiro em Albufeira. O Fernando Hilário
através do telefone combinava com ele que o iam buscar na ponte de Vila Franca
para irmos para o México, como a pessoa que o ia buscar não o conhecia, foi dito
que teria que levar uma placa a dizer "México" que veio a acontecer.
T.A- Todos nós aficionados temos bem presentes a triste partida de dois jovens
Forcados, o Pedro Primo e o Fernando Quintela, muitoa aficionados disseram
que as farpas que dobram que agora se utilizam, os toiros chegam para a pega
com muito mais força, e com as farpas antigas não. Qual a tua opinião?
FZ- Acho que dei o meu contributo numa simples homenagem que lhes prestei. Não
quero me quero aproveitar da ocasião para dar nas vistas como fizeram alguns
com responsabilidades. Agora penso que se pode e deve fazer muito mais pela
segurança e acima de tudo ter meios e serviços de socorro à altura nas praças,
concordando com o que disse o meu amigo Dr. António Peças.
Estou disponível para dar uma ajuda assim como quero fazer um livro que
assistência aos Forcados.
Um agradecimento ao Faze pela desponabilidade. Ainda continuas um Forcadão.
José Foles
Fotos Dr.
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