À MESA DO CAFÉ COM LUÍS MACHADO FUTURO CABO DOS FORCADOS AMADORES ACADÉMICOS DE ELVAS

O antigo o futuro e o atual cabo dos Académicos de Elvas.
Foto: D.r

  1. f      Luís recorda-nos um pouco como foi o contacto que tiveste com o mundo da  forcadagem? 

Boa tarde José, em primeiro lugar agradecer o seu contacto para esta entrevista, que para mim é uma honra, pois o José tal como eu é um amante desta tão nossa cultura e tradição que é a tauromaquia Portuguesa, e dar-lhe os parabéns pelo trabalho que tem realizado através do seu blogue, na divulgação na nossa Festa Brava.

                O contacto com a forcadagem, começa desde muito cedo, através do contacto com o mundo dos toiros, desde muito novo acompanhava o meu pai e os seus amigos nas corridas de toiros, onde o momento mais marcante para mim era a pega de caras. Quem gosta dos toiros e principalmente os rapazes, quem não sonha um dia poder vestir uma jaqueta de ramagens? O mesmo aconteceu comigo, começando ainda muito novo, em Campo Maior, na Herdade de Cevadais, com as vacas do Tio Chico Luís Caldeira onde eu, o meu irmão, os primos Caldeiras, assistíamos a muitas tentas e sempre que era possível la íamos nós para o tentadeiro, fazer pegas de caras, dar ajudas, eram umas tardes muito bem passadas. E assim o bicho criou-se, foi ficando e já não saiu cá de dentro. Mais tarde é fundado o nosso Grupo, e passado 4 anos da fundação, pela mão do meu irmão que já pertencia ao Grupo, comecei a treinar, acompanhar, a viver o que é ser forcado até aos dias de hoje. Espero que assim se mantenha por muitos e bons anos.

2.       Para os aficionados se familiarizarem com o futuro cabo dos Académicos fala um pouco de ti, por exemplo idade de onde és natural, e se tens antecedentes familiares no mundo da tauromaquia?

Tenho 28 anos, sou natural da bonita vila de Campo Maior, mas sempre tive uma grande ligação à cidade de Elvas, de onde a minha mãe é natural. A minha infância/adolescência foi vivida entre estes dois sítios maravilhosos, onde graças a Deus fiz imensos amigos, amigos esses que fazem parte da minha Família e que me fizeram ser aquilo que sou hoje, ter a personalidade que tenho e que me dão uma grande força para esta nova etapa da minha vida. Uma das pessoas ou a pessoa mais importante, pelo gosto desta Nobre actividade foi o meu Pai, também ele forcado no meio/final da década de 60. Recordo perfeitamente de ver as suas fotografias, a preto e branco, que ainda hoje em dia as guardo e de nunca me ter proibido de andar na festa e fazer parte da Família que o grupo de Forcados Amadores Académicos de Elvas, deixando-me fazer o meu caminho e apoiando quer a mim quer o meu irmão. Obrigado Pai.

3.       E em que ano te fardaste pela primeira vez e em que praça?

A minha primeira fardação foi em 2004, na desmontável da Casa Branca, pegamos 5 novilhos Lampreia, se não me falha a memória. Um dia de grande responsabilidade, visto ser a primeira fardação, e de realmente sentir o peso da nossa jaqueta. Sentimentos estes que nunca irei esquecer.

4.       Luís na corrida do dia 17, tomas posse como cabo dos Académicos é uma grande responsabilidade, como cabo qual o discurso e os valores que vais transmitir aos teus colegas dos Académicos?

Irei transmitir aquilo que sempre me foi transmitido ao longo destas 12 épocas como forcado e que considero os valores essenciais desta actividade amadora. A Amizade, pois antes de sermos forcados, temos que ser amigos, muitos amigos, o que depois dentro de praça torna as coisas muito mais fáceis. Sacrifício, Entreajuda, Educação e Respeito são valores que considero também muito importantes  e que devem orientar este grupo de amigos. O respeito é fundamental. Respeito pela jaqueta que vestimos, respeito pelas pessoas, que ser forcado  é dentro e fora de praça, respeito pela festa e principalmente respeito pelo toiro bravo, pois sem ele esta nossa actividade nem sequer existia.

5.       Luís como forcado qual a praça em que te sentes mais forcado, ou qual a praça em que mais gostas de pegar?

Forcado, sinto-me em qualquer praça deste País, e além-fronteiras, pois e como já tinha dito anteriormente temos que respeitar esta tão nobre arte e tudo o que a rodeia para que a cada dia possamos crescer e elevar o nome do nosso Grupo e cidade. A praça que mais gosto de pegar, é na nossa praça, perante os nossos amigos, família, aficionados.

6.       No teu entender o que é que um jovem que queira ser forcado dos Académicos de Elvas tem que ter para pertencer a esse valoroso grupo?

Tem que ter entrega ao Grupo, pois esta actividade é muito exigente, e se não dermos tudo o que temos, uns pelos outros, as coisas podem correr mal. É importante também o espirito de sacrifício, amizade, companheirismo e dedicação. Qualquer pessoa que se reja desta forma e que se empenhe ao máximo pelo Grupo terá deste lado uma família que o irá receber de braços abertos. Família essa que estará disposta ajudar, e a transmitir todos os nossos valores, para que se sinta como membro integrante desta já grande família que são os Académicos de Elvas.

7.       Luís no próximo dia 17 as portas do Coliseu vão abrir para uma grande corrida de touros integrada nas festas de São Mateus, e na qual o Luís passa o ser o novo cabo. Já está pensado a quem vais dedicar a pega ou só quando saltares à arena decides?

Pergunta difícil, esse dia vai ser um dia de muitas emoções, mais uma bonita página na história do nosso Grupo será escrita. Sinceramente não tenho pensado ainda a quem vou brindar a pega, o meu desejo é mesmo que a corrida seja um êxito, e que possamos fazer uma festa de despedida digna ao António pelo grande forcado que foi e o grande amigo que é. O António merece que a nossa praça esteja cheia até à bandeira, para lhe prestarmos uma grande homenagem, pois ele bem merece.

8.       Luís qual a tua opinião sobre os blogues e sites taurinos assim como os fotógrafos, há gente a mais no mundo taurino ou não?

Acho que são essenciais para a divulgação da nossa festa, seja em Portugal ou no estrangeiro, sem o vosso trabalho o acesso a esta informação seria dificultado e perderíamos grandes momentos que a festa nos tem dado ao longo dos anos, e que chega as nossas casas através do vosso trabalho. Não creio que exista gente a mais no mundo taurino, o que existe e me entristece é a pouca exaltação que por vezes é dada à nossa arte, a de pegar toiros, sendo as pegas apenas 2 a 3 linhas de extensas crónicas feitas. Fazemos parte da festa e quando estamos mal, podemos ser criticados, mas quando o contrário acontece, também deveríamos ser falados e elogiados.

9.       Para terminar qual o apelo que o Luís como forcado e futuro cabo dos Académicos, gostaria de deixar aos aficionados?

Nós como aficionados, temos que nos unir, encher as praças e mostrar que a nossa festa está viva, com saúde e recomenda-se. Temos que olhar para o que se faz bem (nossos vizinhos Espanhóis) e seguir esses exemplos. E para que isso aconteça, na minha opinião devemos colocar o Toiro onde ele merece, como figura principal da festa, pois é por este que existe tauromaquia, e quando assim for, acredito que a nossa festa irá atingir patamares anteriormente alcançados.


Em nome do tauromaquiaalentejana.blogspot.com quero agradecer a disponibilidade para a entrevista, e que a noite de 17 de Setembro no Coliseu Elvense fique na história da tauromaquia.
Sorte toureiro.